domingo, 23 de março de 2008

NUA


Desvairada e louca

Ando pela rua a gritar.

Todos me olham, todos me vêem,

Só não consigo atrair teu olhar.

Nada do que faço,

Nada do que sinto,

Desperta sua atenção por mim.

Me rasgo,

Me despedaço.

Vou andar nua pela chuva,

Estender-me na calçada sob sua janela.

Se não posso ter teu amor,

Basta-me tua piedade.

sábado, 22 de março de 2008

MENSAGEM DE PÁSCOA


Humilhado, sujo e nu.

Assim estava meu Senhor.

Por mim padeceu da dor,

Seu sangue precioso verteu.

Em troca, apenas um pedido fez:

Que amassemos nosso irmão

Como amamos a nós mesmos

E amassemos a Deus

Acima de todas as coisas

E o que fazemos em Seu Nome?

Tantas guerras, carnificinas.

Tão longe estamos do Seu ideal!

Chocolate, coelhinhos

São meros badulaques

Que nos levam bem longe

Do que temos que pensar, afinal.

Voltemos nossos olhos a Cristo.

Sigamos os Seus passos

E, só assim,

Teremos a Paz Mundial.

BONECA DE TRAPO - prosa


Era feia, minha boneca, mas era tão linda a pretinha!!!

Um olho não abria, só um piscava.

Cabelo não tinha. Há muito o fogo queimara.

Uma perna amputada, na guerra perdida

Ou nas montanhas de lixo de onde eu a retirara.

Mas, mesmo assim, era com ela que eu me aninhava as noites,

No meu colchão de papelão,

Abraçadinha, para juntas nos aquecermos do frio do relento.

Ela era como eu:

Nem toda desgraça por que passou conseguiu calar sua voz.

Eu a salvei do lixo, quando num solavanco, ela chorou.

Eu fui salva da morte, quando num último sopro de vida, meu choro ecoou.

Alguém me estendeu a mão e passou a aninhar-me nos braços, num colchão macio, num cobertor felpudo.

Eu não tinha mais cheiro, tinha perfume.

Vestidos de laço e sapato de verniz, eu usei.

Bonecas de porcelana, eu ganhei.

Mas a minha pretinha, aquela que me aquecia nas noites de frio, essa eu nunca abandonei.

domingo, 16 de março de 2008

Teu barco... Meu mar


E teu corpo virá sobre o meu...

E numa ânsia sôfrega de se entregar

Estaremos unidos nesse mesmo desvario,

Com a loucura consumindo nossas entranhas.

E te sentir em mim,

Preenchendo todos os meus espaços,

Meus poros, minhas fendas, meus segredos...

Tudo entregue a tua exploração.

E como experiente marinheiro

Você navegara pela maré dos meus desejos

Percorrendo o oceano dos meus anseios

Até acalmar esse bravio mar de tesão.

E após a tempestade de sons, gemidos e sussurros,

Deixo-me levar pelas ondas do repouso

Até a praia dos seus braços,

Onde, finalmente, posso descansar.


Claudia Nunes

12/09/2005

FEBRIL


Desejo sentir em meu corpo

O calor do teu corpo

E incendiar-me com teu prazer.

Desejo receber em meu corpo

A essência do teu corpo

Que misturada a minha me faz delirar.

Desejo receber em minha boca

Meu próprio sabor

Tatuado em teus lábios.

E provar de ti, taça transbordante...

Onde me embriago

Com o mesmo néctar que flui de mim.

DEIXE-ME FICAR


Peço-te que em teus braços me deixe morrer,
Perder a inocência que tiver.

Esteja eu em qualquer lugar,
Esperando por um dia qualquer.

Toma-me como tua mulher,
Traga-me junto a teu peito.

Rogo-te que me de um beijo,
Raro misto de dor e prazer.

Usa-me como quiser,
Usa-me como for teu querer.

Sacia-te ao me saborear,
Sacio-me ao te saciar.

Todos os amores dessa vida


De quantos amores se precisa

Pra dizer que viveu plenamente o amor?

Será preciso amar mil amores

E de cada um colher

Uma experiência diferente?

Beijar todas as bocas

Rosas, rubras,

Finas, carnudas.

Conhecer o céu

De todas as bocas,

Ir mais além?

De todos os amores que eu tive,

Um apenas me bastou.

Um apenas me fez conhecer

Todas as emoções que o amor nos trás.

As sensações físicas e emocionais.

O coração acelerado,

O peito arfante,

A falta de ar,

O frio no estômago,

A dormência nas pernas,

O tremor nas mãos,

A boca seca,

Os olhos sequiosos,

O sexo úmido.

De todos os amores que a vida pôde me dar

Apenas um,

Somente um,

Eu queria ter para amar

TE ESPERAR EM VÃO


Te esperei

E você não veio.

No peito uma dor que bate,

Na razão uma dúvida que nasce.

Seria o silêncio a tradução literal

Para a frase “não te quero mais?”.

Instinto,

Medo.

Recolho meus trapos

Saio da sua casa, da sua vida...

Me derramo na calçada, na sarjeta.

Vejo o negror da noite descer

E o lampião da rua se acender

Ou seriam as estrelas a brilhar

E a lua a me ensinar o caminho?

Sim.

Preciso aprender a caminhar

Dirigir meus passos para longe de tuas veredas,

Voltar a extasiar-me com meu próprio vazio.

Preciso ser eu

E largar o vício de querer você.

Vozes me cobram o tempo todo

Uma postura,

Uma atitude.

Renasça!

Se permita viver!

E agora... O que fazer?

Claudia Nunes

26/10/2006 01:15 hs

Ai... Que vontade de beijar!


Vontade de sentir teus lábios mornos

Na procura pelos meus,

Roçar tua língua na minha

E invadir tua boca com a minha.

Morder tua pele carnuda,

Com tamanha brandura e candura.

Sentir tua respiração ofegante,

De tão forte e asfixiante,

Que é o meu tesão por ti.

Ai... Que desejo gostoso,

De invadir teu leito amoroso

E mergulhar meu rosto nos teus seios,

Embriagar-me de vez nesse teu cheiro

E inebriada me deixar ficar.

Hummmm...

Que moleza gostosa no corpo...

Tal maleita de febre voraz!

Virar e revirar, em latente batalha

E por fim,

Vencidas,

Em conchinha me deixar dominar.

Tendo teus dentes em minha nuca cravados

E tua mão o meu sexo subjugar.

A IMAGEM DO TEU BEIJO


Que emoção conheci

Quando vi teu beijo

Que inveja senti

Quando não foi meu o seu desejo.

O tremor me subiu das pernas aos quadris

E fui do chão ao teto,

Agarrei-me nos lambris.

De frisson e de prazer

Meu mel, por você, derramou.

Em mim, o fogo ateou,

E nem a água fria, o calor abrandou.

A fumaça ainda invade meu quarto

Meu corpo abrasa

E sofro como em dores de parto

O desejo de sentir tua mão tesa e macia

A segurar-me o seio

Assim como tua boca

Úmida e aquecida

A morder-me a nuca

E roubar-me um beijo

Mas,

Juro,

O que mais desejo

(que nosso segredo é, de ninguém mais),

É sentir em mim o teu queixo.

ESSA BOCA


Quero essa boca carnuda
Que me mata e me alucina,
Que me faz perder o juízo,
Que me maltrata e desatina.

Quero essa boca voraz
Que me devora num beijo
Contumaz,
Que me sangra os lábios
E sorve meu fel
Como se fosse mel.

Quero me afogar na tua saliva,
Matar essa sede que me faz delirar.
Fechar os olhos e ver miragens
De tua boca a me devorar.

Lábios,
Línguas,
Rimas,
Sintonia...

Tua boca me rouba a alma

Que num desabrochar

Perde a calma

E assim me entrego,

Toda nua

Com minha boca

De encontro a tua,

Misto de prazer e fúria

Que se escancara com um grito de prazer.

terça-feira, 4 de março de 2008

ESSE SEU OLHAR...


Uma música suave,

Um vinho gelado,

Morangos na travessa

E o toque de sensualidade

Em seu olhar.

Seu olhar...

Que me enleva mais que a música,

Que me embriaga mais que o vinho,

Que me sacia mais que as frutas,

Que me hipnotiza

E me faz seu escravo.

Esse olhar...

Que queima em meu corpo,

Que atiça minha libido,

Que me faz despir-me e abrir-me

E entregar-me ao teu desfrute.

Quero ser seu foco,

Perder-me neste verde profundo,

Sugar-te por inteiro,

Enroscar nossos corpos desnudos,

Derramar o vinho em seu peito

E em seus braços esquecer-me do mundo.

Claudia Nunes e Andréa Lauterjung

29/07/2006