sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O LUAR DA BRUXA


Era noite de lua

Um vento suave entrava pela minha janela e assobiava baixinho nos meus ouvidos:

- É hoje! É hoje! É hoje!

Entre nervosa e excitada,

Me vestia, me perfumava,

Me purificava.

Usava uma roupa transparente onde se podia ver a luz da lua que evidenciava a silhueta do meu corpo nu, sob o tecido fino.

De olhos fechado, imaginava a lua inteira invadindo todo meu corpo.

Meu espírito fluía e meus pés saíram do chão.

As forças da natureza se conectaram com a minha alma e eu me sentia uma com o universo.

Ao abrir os olhos,

A lua ainda estava lá, a olhar pra mim. A me ver como uma de suas filhas. Como uma mulher que conhece todo o seu poder e sabe como exercê-lo.

Uma prece de agradecimento escapa dos meus lábios, sem que eu perceba seu pronunciar:

- Eu sou a Deusa, Eu sou a Bruxa, Eu sou aquela que ilumina e protege. O poder da Grande Mãe está dentro de mim. Que a Grande Mãe, a Senhora do Norte encha de frutos a árvore da minha vida, ilumina todas as minhas estações, torna-me forte na dor, tornando-me bela no amor. Que teu nome e teu poder seja sempre o meu nome e o meu poder. Assim sempre foi, e assim sempre será...

Ao despertar do transe, descobri que o reflexo da lua se esparramava no meu leito, me convidando para com ele ficar.

Deixei-me levar por aquela sensação de bem estar e deitei sobre o clarão da lua, que queria me tragar.

Adormeci.

E acordei banhada pela luz do sol, que sua energia veio me dar.

Refeita e renascida, pela luz do sol e da lua, saí, pronta para mais uma jornada da vida, sabendo quem eu era e qual meu lugar no mundo. Afinal...

Sou bruxa, sou bruxa, sou bruxa!

Claudia Nunes

28/02/2007


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

VINGANÇA DE MULHER TRAÍDA





Vejam, meus amigos
aq
uela mulher que passa
com as ancas a balouçar
e o garbo no olhar,
foi a mesma que levou embora
o chefe do meu lar.
Hoje passeia, faceira,
perfumosa e bem trigueira,
seu sorriso a me humilhar,
mas um dia a morte virá
e o chão suas entranhas roerá
e, mesmo que eu não esteja mais aqui,
sorrirei de prazer,
por poder, enfim, me vingar.
Todo esse fogo amoral
será consumido pelo fogo atemporal.

VÁ SEM OLHAR PARA TRAS




Vá!
Te deixo ir.
Deixo livres seus caminhos,
Sei que precisas dele para vagar e livremente respirar.

Vá agora!
Não retardes sua ida,
Vá antes que eu me arrependa
E, me humilhando,
Te peça pra ficar.

Mas vá com a certeza de que poderá um dia voltar.

Aqui encontrará sempre um porto amigo,
Nos braços abertos que sempre estarão a te esperar.

Vá!
Siga em frente...
Não olhes para trás.
Quero que guarde na memória apenas o meu sorriso,
Não quero que a última imagem que vejas
Seja de minhas lágrimas que caem por ti.