quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

MEU GRITO DE PRAZER


Fiquei em silêncio

Porque não tinha mais o que falar.

Todas as palavras me secaram a boca,

Em meio aos sussurros e gemidos

Proferidos em nossas loucuras e prazeres.

Nada mais tinha a dizer.

Meu silêncio tudo dizia.

Minhas mãos que passeavam pelo teu corpo,

Liam braile na tua pele

E em libras falavam o quanto

Estavam adorando aquele momento especial:

O toque do meu corpo no teu corpo.

O silêncio gritou mais alto.

E no escândalo que meus olhos faziam,

Súplices a te implorar amor,

Tu só ouvias as batidas do meu coração

Que, em tuas mãos,

Estava a gritar mais alto ainda...

Vem...

Vem...

Vem...

Ama-me...

Ama-me...

Ama-me...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

PAGÃ


Se o que falo sai de dentro de mim

O que calo é o que cala mais fundo

No medo de ser descoberta

Ante a visão do vazio

Me desfiguro e me escondo no que não sou

Máscara do ritual

Incenso que abre a visão

Sou pedra

Sou poder

Sou a Anunciação.

Litígio inesperado

Ao ouvir vozes do além

Me faço e me desfaço

Dizendo pra lua ouvir

Sou bruxa, sou bruxa, sou bruxa.

NÃO SONHE DEMAIS - crônica


Com um beijo Judas traiu Cristo. Não por saber quem Ele é e pela própria vontade O entregou aos seus algozes, mas por se decepcionar com o que achava que Ele deveria ser e não foi.

Quanto Judas tem por aí, que sonham demais com o que o outro possa ser e quando se decepciona o trai e o humilha. Esquecendo-se de que não foi a vítima a culpada pela desilusão de seus sonhos, mas o próprio sonhador, que superdimensionou o outro.

Quando pensamos que encontramos nossos Príncipes Encantados ou nossas Cinderelas, esbarramos no real, no original, pois não passamos de Ogros e Fionas da vida cotidiana.

E quando nos sentimos enganados nos nossos sonhos, o que fazemos?

Conversamos amigavelmente e nos separamos; arrastamos a separação na Justiça, brigando pelos copos e talheres na partilha dos bens; nos agredimos mutuamente, acusando o outro de ser o culpado pelo que não é ou sofremos violência do que se sente traído em seus sonhos e nos sentindo culpados, aceitamos o jugo, como Cristos crucificados, sem o ser.

Não sonhe o outro. Sonhe apenas o que você quer ser e mesmo assim já será muito difícil de você se contentar com o que será.
Procure amar os defeitos do outro, assim, as qualidades só aumentarão o amor entre nós.

QUEM É VOCÊ?


Quem é você, que chegou de repente
E da minha vida fez um carnaval?

Quem é você, que chegou de mansinho
E minhas barreiras levou como um vendaval?

Quem é você, que chegou como folha ao vento
E juntou meus pedaços caídos pelo chão?

Quem é você, que chegou como quem não quer nada
E se instalou no meu coração pra não mais sair?

Quem é você, que fala ao meu ouvido
As palavras que eu sempre quis ouvir?

Quem é você, que toca minha pele
E me faz ter emoções que eu nunca senti?

Quem é você, que me toma em seus braços,
Doce prisão, de onde não quero nunca fugir?

Quem é você, homem?
Que chegou em minha vida e pra sempre vai ficar?

SOU MULHER, E DAÍ?


Cansei de ser mero badulaque

Pendurado nos pescoços da corja machista,

Que acham que somos sub-classe,

Mero material perecível,

Reciclado do lixo de toda uma sociedade patriarcal,

Que nos utilizavam como matéria prima de seu enriquecimento pessoal,

Peça de barganha

Motivos para guerras bestiais

E a culpada pela própria desgraça

Chega de ser apenas mãe, doméstica, esposa.

Somos, sobretudo, e acima de todas as coisas,

Mulher

Única

Linda

Habilidosa

Especial

Radiante!

SEM TI, SENHOR


Espero em Ti, Senhor.

Tudo o que tenho e tudo o que sou

Devo somente a Ti, Senhor.

Já não sou mais dona dos meus passos,

Entrego a Ti meus caminhos, Senhor.

Não sou mais dona das minhas palavras,

Entrego a Ti meus lábios, Senhor.

Não sou mais dona dos meus pensamentos,

Entrego-os a Ti, Senhor.

Pois meus pensamentos já não me pertencem.

Entrego a Ti minha vida, Senhor.

Pois sem Ti, Senhor, nada sou.

OLHOS COLORIDOS E ORELHAS DE VOAR - conto infantil


Era uma vez, uma jovem princesa que vivia escondida em seu castelo. Era um lindo castelo, cercado por montanhas e lagos, onde lindos cisnes passeavam seguidos de seus filhotinhos. Mas a princesinha não saía de seu quarto. Não queria que seus súditos a vissem. Quando ela precisava sair, colocava um grande chapéu com véu sobre a face para que ninguém visse seus olhos.

Seus maravilhosos olhos!

Sim, nossa princesinha tinha olhos maravilhosos. Um olho era verde como a relva da campina na primavera, tocada pelo sol da manhã quando aquece as gotículas de orvalho das folhas. O outro era azul, de um azul límpido como o mar da Grécia quando se junta com o azul do céu vibrante de verão.

A princesa tinha vergonha de ter os olhos de duas cores, e por causa disso se refugiava em seu quarto, sonhando com as montanhas, com os cisnes e com as outras crianças que brincavam no pátio do castelo. Crianças pobres, filhas dos camponeses, de roupas surradas, botinas rasgadas, mas que eram livres e felizes.

Um dia, o filho de uma camponesa veio trazer a rainha, que era muito bondosa para seu povo, uma cesta com potes de geléias e doces feitos com as frutas das muitas árvores que circundavam o reino. E justamente na hora que o menino entrava pela porta dos fundos, a princesinha entrava na cozinha a procura de uma guloseima. Eles se olharam e nenhum dos dois viu os defeitos que achavam que tinham. A princesinha, seus olhos de duas cores, e o pequeno camponês as orelhas de abano. O menino viu uma linda princesa de contos de fadas, em seu vestido cor de rosa com pequenas flores bordadas e botões brilhantes, e a princesa viu um menino feliz, com as faces rosadas de tanto correr ao redor do pátio do castelo.

De repente, eles se lembraram de seus problemas, a princesa rapidamente fechou os olhos e o menino tapou as orelhas. Só que a princesa chamou o menino para brincar com ela, mas ele tapando suas orelhas, não ouviu. O menino quis mostrar a princesa seu cavalinho de pau, mas a princesa com os olhos fechados, não viu. Cada um deles, muito triste, voltou para seus afazeres, sem saber que por causa dos defeitos que ninguém via que tinham, perderam a oportunidade de fazer novos amigos, brincar e serem felizes. A princesa continuou escondendo-se no quarto, se achando feia e o menino enterrando um chapéu na cabeça pra tampar as orelhas que só a ele incomodavam.

Moral da Estória: Não deixe que os defeitos que você vê em si mesma a afaste das outras pessoas, que querem apenas ver o que você tem dentro do seu coração, pois sua beleza esta no que você guarda dentro de si.

Não se nasce uma mulher


Uma vez eu li: “Não se nasce uma mulher”. Isso me fez pensar a condição que cada uma de nós temos para crescer e desabrochar. Quantas mulheres são podadas em sua liberdade política, intelectual e sexual? Vemos casos absurdos na África onde mulheres são castradas sexualmente, impedidas de ter sequer seu próprio prazer sexual.

Mas quantas de nós não bloqueamos nossas próprias filhas?

- Isso não é coisa de menina!

- Jogar bola não pode, vai pegar uma boneca!

- Não pode colocar a mão na sua ‘florzinha’, é pecado!

Quantas coisas fazemos para bloquear outras mulheres de crescer e se descobrir como gente?

- Mulher é assim mesmo, só sofremos.

- Homem que é bom pode fazer o que quer

- Homem trai mesmo, mulher é que não pode

- Chora, minha filha, amanhã passa.

- Ele te bateu hoje, mas amanhã vai melhorar.

Não temos consciência da nossa própria hipocrisia?

Queimamos sutiãs na rua para mostrar nossa liberdade, mas cadê ela?

Vivemos apenas como coadjuvantes, papel esse imposto por nós mesmas, enquanto avós, mães, tias, professoras.

Onde está a liberdade cantada e declamada em tantas músicas da nossa juventude?

Será que dizer que não precisamos de homem é demonstrar a liberdade?

Hoje, diante de tantos questionamentos, ainda não tenho as respostas.

Mas quero expor minha liberdade de expressão e poder gritar que sou uma pessoa, um indivíduo, com defeitos, qualidades, vícios e virtudes. Mas acima de tudo isso, sou alguém que ama, pois amo meu corpo de mulher, meu sexto sentido, minha sensibilidade e a minha força escondida por detrás da fragilidade do meu sexo.

Eu me amo, eu sou mulher!

Claudia Nunes

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A BEIRA DO CAIS


A BEIRA DO CAIS

Mares nunca antes navegados,
Terras a serem desbravadas
E eu me acovardo ante a expedição.
Tenho um mundo novo pela frente...
Teus braços trazem promessas
De novas formas de amar,
De carinhos nunca experimentados.

Sofro pelo que ainda não vivi...
A vontade de voar,
Mas os pés presos no ninho.
A vontade de correr,
Mas grilhões me acorrentam.
A vontade de largar tudo e ir para você,
Mas receio errar o caminho.

E pelo medo da partida,
Com lágrimas nos olhos,
Fico te olhando...
Da beira do cais...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A MULHER QUE EU ERA



Era livre...

Podia pensar, andar, amar.

Nada do que fazia me censurava

Era inocente...

Podia pensar, andar, amar.

Nada do que fazia me condenava

Era feliz...

Podia pensar, andar, amar, sorrir, chorar.

Nada do que fazia me machucava

Era tudo isso...

Antes de conhecer você.


"Desculpem a pieguice, mas amor é assim mesmo. Depois que conhecemos o amor, nos tornamos prisioneiros voluntários, encarcerados nos braços de nossos algozes, a quem, carinhosamente, chamamos de 'meu amor'.


Porque fazer um Blog?

Por que tanta gente faz blog nos últimos dias?
Engraçado é que a maioria de nós, incluindo eu, escrevemos no blog aquilo que talvez não dissessemos a um amigo. Falamos e damos nossas opiniões, que talvez não tivéssemos coragem de proclamar em altos brados.
Aqui falamos mal da política alheia, dos vestidos da vizinha, da atriz que se casou, separou, casou de novo e que agora tem um amante.

Bem...

Espero que minha intenção ao criar esse blog tenha sido diferente, embora sendo humana, a mesquinhez seja uma característica inerente a minha espécie...

No mais, aguardo contato, seja concordando, seja discordando, mas sempre será um contato, uma interação.

Obrigada, Beijos.